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Em um passado não tão distante, as iniciativas de Inteligência Artificial (IA) nas empresas costumavam estar restritas somente aos departamentos de TI, muitas vezes isoladas do planejamento estratégico e desconectadas das reais necessidades dos negócios.
O resultado? Projetos fragmentados, com pouco impacto e difícil escalabilidade dentro das organizações.
Por esta razão, e com o avanço acelerado da IA generativa e a crescente pressão competitiva, tornou-se evidente a necessidade de uma liderança dedicada, capaz de integrar a IA de forma transversal em toda a organização.
Foi nesse cenário que surgiu o cargo Chief AI Officer (CAIO), ou, em português, “diretor de Inteligência Artificial”.
Segundo uma pesquisa da Iron Mountain de 2024, 98% das lideranças empresariais acreditam que um(a) CAIO pode acelerar significativamente a adoção da IA generativa em seus negócios.
Porém, somente 32% das empresas que participaram da pesquisa tinham alguém no cargo de diretoria de IA.
Ainda assim, esses dados refletem uma mudança clara de mentalidade: para competir em um mercado moldado por dados, algoritmos e automação inteligente, é essencial contar com uma liderança C-Level que tenha uma visão de negócios e expertise tecnológica.
Para conferir mais informações sobre o que é a diretoria de Inteligência Artificial, como CAIOs podem impactar diferentes nichos de empresas, quais são seus desafios, além de conferir como organizações podem ajudar as lideranças internas a alcançarem esse cargo, continue a leitura deste artigo.
O que faz um Chief AI Officer?
Chief AI Officer (CAIO) é a pessoa executiva responsável por liderar a estratégia de Inteligência Artificial de uma organização, garantindo que as iniciativas de IA estejam alinhadas aos objetivos de negócio e entreguem valor real aos setores.
Ou seja, seu papel vai muito além do domínio técnico em Inteligência Artificial — esse tipo de profissional atua como um elo entre a tecnologia e a visão estratégica da empresa.
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Chief AI Officer: funções e responsabilidades
Entre as principais funções de um(a) CAIO dentro de empresas, destacam-se as responsabilidades de:
- definir e implementar a estratégia de IA corporativa, garantindo que os investimentos em tecnologia estejam alinhados aos objetivos de longo prazo da organização;
- liderar a integração da IA em processos críticos de negócio, como atendimento ao cliente, marketing, operações industriais e desenvolvimento de produtos;
- estabelecer a governança da IA, o que inclui políticas de uso responsável e ético, privacidade de dados e conformidade com regulamentações;
- promover uma cultura orientada por dados e inovação, por exemplo, ao capacitar equipes e incentivar a experimentação com novas tecnologias;
- avaliar e selecionar as melhores soluções com IA e ferramentas parceiras, como plataformas de IA generativa e infraestrutura de dados;
- mensurar o impacto e o ROI dos projetos de IA, garantindo que cada iniciativa esteja conectada a resultados mensuráveis para o negócio.
Desafios do cargo CAIO
Apesar de sua crescente importância, o papel do cargo Chief AI Officer está longe de ser simples. Por ser uma posição nova e ainda em consolidação, CAIOs enfrentam uma série de desafios únicos — tanto técnicos quanto estratégicos — que exigem uma visão ampla, resiliência e habilidades multidisciplinares. Listamos alguns dos principais desafios do cargo abaixo.
- 1. Falta de maturidade organizacional em IA: muitas empresas ainda estão nos estágios iniciais da adoção da IA, com estruturas de dados desorganizadas, baixa automação e pouco entendimento interno sobre o potencial da tecnologia.
- 2. Necessidade de integração transversal: o(a) diretor(a) de IA precisa garantir que a IA seja aplicada de forma eficaz em diferentes departamentos, para projetos isolados que não se comunicam entre si.
- 3. Dificuldade em demonstrar ROI no curto prazo: projetos de IA, muitas vezes, exigem tempo e investimentos significativos antes de apresentarem resultados claros. Isso exige paciência dos stakeholders e habilidades do(a) profissional CAIO para comunicar valor à alta gestão em cada fase do processo.
- 4. Falta de talentos qualificados: a escassez de profissionais com experiência prática em IA, machine learning e engenharia de dados dificulta a formação de equipes de alto nível para tocar os projetos estratégicos da área. Afinal, a diretoria de IA precisa de um setor qualificado para as soluções serem executadas.
- 5. Governança, ética e regulação: gestores e gestoras também são responsáveis por garantir que os sistemas de IA operem de forma ética, justa e em conformidade com legislações, como a LGPD, e futuras regulamentações globais. Isso inclui prevenir vieses algorítmicos e proteger os dados sensíveis, por exemplo.
- 6. Alinhamento com a alta liderança: o sucesso de um(a) CAIO depende da sua capacidade de influenciar decisões na gestão C-Level. Isso exige habilidades de comunicação, pensamento estratégico e entendimento profundo do negócio, além da fluência técnica.
Com base nesses desafios, o cargo Chief AI Officer se torna um dos mais complexos (e também um dos mais promissores) na nova era da transformação digital.
Isso porque não se trata somente de implantar tecnologias, mas de reimaginar processos, produtos e decisões sob a lente da Inteligência Artificial.
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5 habilidades essenciais para uma liderança se tornar um(a) CAIO
Para líderes que desejam ocupar a posição de diretor ou diretora de Inteligência Artificial, é essencial desenvolver um conjunto de habilidades que combinam conhecimento técnico, visão estratégica e capacidades de gestão. Entenda melhor a seguir.
1. Visão estratégica de negócios
A liderança CAIO deve alinhar as iniciativas de Inteligência Artificial com os objetivos estratégicos da empresa, como identificar oportunidades nas quais a IA pode gerar valor significativo e sustentável.
2. Conhecimento técnico em IA
Embora não seja necessário ser uma pessoa expert em codificação, é importante ser especialista em IA, além de ter alto conhecimento em outros fundamentos, incluindo machine learning, processamento de linguagem natural e análise de dados.
Isso é essencial para tomar decisões informadas e liderar equipes técnicas. Por isso, cursos, faculdades, MBAs e outras formações nessas áreas são bem-vindas.
3. Habilidades de liderança e gestão de mudanças
Implementar IA em uma organização frequentemente requer mudanças culturais e operacionais. Por este motivo, o(a) CAIO deve ser capaz de liderar essas transformações, além de capacitar as equipes e gerenciar resistências internas.
4. Ética e governança em IA
CAIOs devem estabelecer diretrizes claras para o uso responsável da IA. Assim, como consequência, garantir que as soluções de IA sejam implementadas de forma ética e em conformidade com as regulamentações existentes e as que estão por vir.
5. Comunicação eficaz
Traduzir conceitos técnicos complexos em linguagem acessível para diferentes stakeholders e setores é uma habilidade essencial para que o(a) CAIO comunique os benefícios e riscos da IA nas empresas de forma convincente e clara.
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Quais empresas podem se beneficiar com profissionais CAIOs?
Agora que as pessoas líderes que desejam se tornar CAIOs conhecem os principais fundamentos do cargo, é importante ficar claro para as organizações que esse novo tipo de profissão não deve ser valorizada somente por big techs ou empresas de tecnologia.
Na verdade, qualquer organização que deseja adotar a Inteligência Artificial de maneira estratégica, escalável e ética pode (e deve) considerar esse cargo como parte de sua estrutura de liderança.
Inclusive, Lan Guan, Chief AI Officer da Accenture, enfatizou essa ideia em uma entrevista:
“Ter um Chief AI Officer deve se tornar um papel padrão para que as organizações possam aproveitar efetivamente o potencial da IA.”
Para ficar mais claro, a seguir, confira alguns exemplos de empresas e segmentos que podem se beneficiar diretamente dessa função.
- Indústrias de consumo e varejo: o(a) profissional pode ajudar a otimizar cadeias de suprimento, prever demandas, personalizar ofertas e automatizar o atendimento ao cliente.
- Instituições financeiras: profissionais CAIOs podem conduzir iniciativas estratégicas que aplicam IA, como análise de crédito, detecção de fraudes, algoritmos de investimento e atendimento automatizado.
- Saúde e farmácia: CAIOs podem usar a IA para diagnósticos assistidos, análises preditivas, gestão de prontuários e aceleração de pesquisas clínicas.
- Telecomunicações e mídia: atividades como personalização de conteúdo, automação de redes e análise em tempo real do comportamento das pessoas consumidoras podem ser realizadas por tais profissionais.
Em resumo, empresas que já possuem uma base de dados relevante, enfrentam pressão por inovação ou lidam com alto volume de operações podem se beneficiar imensamente com a atuação de um(a) CAIO.
Como empresas podem ajudar uma liderança a se tornar um(a) CAIO?
É extremamente válido ressaltar que as empresas, como as que citamos acima, podem (e devem) ajudar a preparar uma liderança para assumir o cargo de Chief AI Officer, caso a organização veja potencial em um talento interno.
Isso porque, além de investir no crescimento profissional de uma pessoa colaboradora da própria empresa, esse(a) profissional já possui conhecimentos internos que podem ser usados para o aprendizado ser mais alinhado às metas da organização.
Mas, como as empresas devem começar essa iniciativa? Quais os principais passos a serem seguidos? Abaixo, veja algumas formas práticas de promover o desenvolvimento de um(a) CAIO.
1° passo: criar um ambiente favorável à experimentação
Estimule a cultura do test and learn, que permite que áreas lideradas por CAIOs experimentem novas possibilidades com IA sem medo de falhas, desde que os aprendizados sejam documentados e compartilhados.
2° passo: incentivar o pensamento interdisciplinar
A futura pessoa CAIO deve ser capaz de atuar em diferentes áreas de um negócio. Por isso, oferecer experiências que envolvam outros times e setores, como marketing, finanças e RH, ajuda a construir uma visão sistêmica mais ampla para este cargo.
3° passo: expor lideranças a projetos reais de IA
Complementando o passo anterior, ao criar oportunidades para que executivos e executivas de IA participem da concepção, implementação e avaliação de projetos de outros setores, é possível que essas pessoas entendam os desafios práticos da empresa e ganhem experiência para encontrar soluções em IA mais assertivas.
4° passo: desenvolver skills e investir em capacitação contínua
Por fim, o sucesso de um(a) CAIO também depende de sua capacidade de influenciar os times, dialogar com stakeholders e liderar mudanças culturais.
Diante disso, oferecer mentorias com pessoas gestoras seniores, coaching executivo(a) e oportunidades de fala em fóruns e eventos estratégicos são caminhos para fortalecer essas habilidades.
Além disso, promover treinamentos em IA, machine learning, governança de dados e tecnologias emergentes é importante para que esse tipo de profissional sempre se atualize das novidades do mercado.
Parcerias com universidades, como programas de MBA in Company, cursos online de alto nível e programas de certificação podem acelerar esse processo.
Ter uma parceria para traçar a estratégia educacional do seu time pode ajudar a construir trilhas de aprendizado personalizadas, que vão ao encontro das necessidades tecnológicas da sua empresa.
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