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Junto ao desenvolvimento da tecnologia e ao aumento do valor estratégico das informações, a governança vem com força em todas as organizações e setores, incluindo a área de TI.
E não é por menos. A governança de TI se relaciona a dois pontos fundamentais de uma empresa: ao valor das entregas de TI para a estratégia do negócio e à redução de riscos de tecnologia.
Por isso, seja pelo alinhamento estratégico ou pela responsabilidade, as lideranças tech precisam se atentar às boas práticas e entender melhor sobre os frameworks de governança já utilizados.
Pensando nisso, a ideia deste artigo é explicar o que é governança de TI, quais são seus pilares, os principais modelos de governança existentes e por que a sua empresa deve investir nisso.

Governança de TI: o que é?
Para entender o que é governança de TI, é importante compreender o conceito geral de governança. Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, governança é:
“[...] o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”.
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Assim, as boas práticas de governança “convertem princípios básicos em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor econômico de longo prazo da organização”.
Aplicando esse conceito para a área de tecnologia, a governança de TI é o conjunto de normas e práticas que regem o setor de tecnologia da informação da empresa.
Ou seja, a governança de TI determina regras, políticas, diretrizes e responsabilidades que direcionam a atuação do setor de tecnologia para cumprir o planejamento estratégico da empresa.
Na prática, é o que alinha o planejamento e a estrutura da área de tecnologia aos objetivos estratégicos e às metas financeiras do negócio.
Como leva em consideração as especificidades da empresa — desde as exigências do setor e do mercado até os valores internos e a cultura organizacional — cada empresa deve definir as suas próprias regras.
Isto é, a governança de TI é o que define como funciona a tecnologia da informação da empresa e confere se as normas e políticas estão sendo seguidas de acordo com a visão, a missão e as metas da empresa.
Além disso, esse conceito também serve para definir o orçamento para o setor de tecnologia e dar suporte à tomada de decisões das lideranças.
Diferença entre liderança e governança
É bastante comum confundir os conceitos de governança e liderança de TI. No entanto, apesar de ambos existirem para cumprir as metas estratégicas da empresa, eles participam de etapas diferentes do negócio.
Isso porque, enquanto a governança de TI é responsável por estabelecer normas e práticas para o setor de acordo com as exigências da área e os valores da empresa, as lideranças de TI atuam na gestão executiva das ações necessárias para atingir esses objetivos.
Ou seja, a governança tem uma visão mais estratégica e macro da empresa, enquanto a liderança se concentra nas atividades do dia a dia, para executar a operação necessária para cumprir a estratégia.
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Diferença entre governança de TI e gestão de TI
Outra prática comum é confundir governança de TI e gestão de TI. Embora estejam interligados, eles possuem papéis distintos e complementares na organização.
A Governança de TI atua de forma mais estratégica, definindo diretrizes e políticas para o uso da tecnologia na empresa. Podemos dizer que é o conselho administrativo da TI, responsável por garantir que a tecnologia esteja alinhada aos objetivos de negócio, que os riscos sejam minimizados e que os recursos sejam utilizados de forma eficiente.
Já a gestão de TI é mais operacional, focando na execução das atividades e no gerenciamento dos recursos de TI no dia a dia. Suas responsabilidades incluem garantir que os sistemas funcionem corretamente, que os projetos sejam entregues no prazo e que o suporte às pessoas usuárias seja eficiente.
Qual a importância da governança de TI?
Como vimos, a governança de TI alinha a tecnologia aos objetivos de negócio e, para garantir esse resultado, ela traz consigo diversos benefícios para as empresas, tais como:
- Redução de riscos: com a governança de TI, os riscos relacionados à tecnologia são identificados e mitigados de forma proativa, o que evita prejuízos e interrupções nas operações. Isso inclui falhas de segurança, perda de dados, desastres naturais e mudanças na legislação.
- Aumento da eficiência: a otimização do uso dos recursos de TI, elimina desperdícios e garante que a tecnologia seja utilizada da forma mais eficiente possível — o que também gera a redução de custos e o aumento da produtividade.
- Melhora na tomada de decisão: líderes e gestores(as) podem tomar decisões mais estratégicas e eficazes, pois a governança de TI fornece uma visão clara do desempenho da TI e de como ela está contribuindo para os objetivos da empresa.
- Fortalece a segurança da informação: implementa políticas e procedimentos para proteger os dados e sistemas da empresa contra ameaças e vulnerabilidades.
- Promove a conformidade: garante que o uso da tecnologia esteja em conformidade com as leis, regulamentos e políticas internas e externas. Essa ação ajuda a evitar multas e penalidades e a proteger a reputação da empresa.
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Pilares da governança de TI
Segundo o Information Technology Governance Institute (ITGI), as pessoas profissionais que atuam na governança de TI devem manter a atenção em 5 pilares para entregar valor à empresa e, ao mesmo tempo, mitigar os riscos:
Alinhamento estratégico
A governança deve servir para alinhar a estratégia da área de TI à estratégia de negócios. Elas devem se relacionar de forma recíproca, afinal, a área de tecnologia deve apoiar e executar o plano de negócios para alcançar os objetivos da organização. Assim, elas não podem, de forma alguma, trabalhar em caminhos contrários.
Os melhores métodos para criar harmonia entre essas duas estratégias são a implementação de um modelo de arquitetura corporativa e o gerenciamento de portfólio.
Entrega de valor
A estrutura de governança deve articular a tomada de decisão em relação aos investimentos para que seja possível entregar o máximo valor.
Assim, é necessário partir dos seguintes questionamentos: a área de tecnologia está fazendo as coisas certas? E quais são os benefícios que estão recebendo? Quais são os riscos?
Então, a equipe de governança de TI deve garantir que os investimentos em tecnologia entreguem o máximo valor possível, a partir de um nível aceitável de risco.
Inclusive, o ITGI publicou a estrutura Val IT para auxiliar a governança de investimentos em tecnologia. De forma geral, ela serve para comunicar de forma mais clara a entrega de valor da área de tecnologia.
Gestão de riscos
Não existe dúvida de que o contexto empresarial está cada vez mais digital e interconectado. Por isso, as estratégias das empresas precisam levar isso em consideração. Mas não é simples assim.
Em contraponto ao bônus surge o ônus: apesar de todos os benefícios da tecnologia, as empresas recebem a responsabilidade de fazer a gestão dos riscos referentes a TI.
Essa também é função das atividades de governança de TI: identificar, avaliar, mitigar, comunicar e monitorar os riscos referentes à tecnologia.
A gestão de riscos de TI depende da área e do porte das empresas. No entanto, independentemente disso, essa gestão demonstra boa governança às pessoas que a empresa se relaciona — sejam acionistas ou pessoas consumidoras.
Gerenciamento de recursos
Como já mencionado, a governança de TI é responsável por gerenciar e definir o orçamento da área de tecnologia.
É essencial que os recursos sejam suficientes para executar as atividades necessárias para cumprir os objetivos da empresa.
Com isso, a gestão de recursos envolve tanto o investimento e desenvolvimento nas pessoas do time quanto os recursos para a infraestrutura.
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Mensuração de desempenho
Por fim, assim como todas as estratégias da empresa, é importante avaliar o desempenho das ações. Afinal de contas, tudo que pode ser medido, pode ser melhorado.
Desse modo, a avaliação de desempenho também faz parte da governança de TI. A avaliação deve incluir a implementação da estratégia, a execução dos projetos e a distribuição dos recursos.
A partir dessa mensuração é possível direcionar ações de TI para corrigir e otimizar as estratégias da área de tecnologia.
Governança de TI: exemplos
A governança de TI, na prática, se traduz em ações e medidas que as empresas tomam para garantir que a tecnologia esteja sendo utilizada de forma estratégica, eficiente e segura.
Para ilustrar essa ação, confira alguns exemplos concretos de como a governança de TI se manifesta no dia a dia das organizações:
1° exemplo
Imagine uma empresa de e-commerce em expansão, que enfrenta problemas de TI como sistemas lentos, quedas do site e dificuldade em analisar dados.
O caos se instala e a insatisfação dos clientes começa a aumentar, com reclamações sobre a lentidão do site, erros nos pedidos e dificuldade em obter suporte.
Para resolver esses desafios, a governança de TI pode entrar como solução para construir uma infraestrutura robusta, analisar dados para entender melhor o comportamento das pessoas consumidoras, proteger informações, garantir a continuidade das operações e aumentar a eficiência da TI.
Assim, a empresa consegue aumentar a satisfação dos clientes, reduzir custos, tomar decisões mais estratégicas e ser mais competitiva.
2° exemplo
Suponhamos que uma empresa de desenvolvimento de software em crescimento, enfrenta desafios como atrasos em projetos, falhas de segurança e dificuldade em gerenciar a infraestrutura de TI.
Como solução, a governança de TI pode ser usada para permitir a padronização de processos, o gerenciamento de projetos, a implementação de políticas de segurança e o alinhamento da TI com o negócio.
Desta forma, a empresa irá fazer projetos com mais qualidade, proteger dados, gerenciar a infraestrutura de forma eficiente e tomar decisões mais estratégicas.
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Modelos de governança e gestão de TI
Existem alguns modelos que podem servir de embasamento para aplicar um programa de governança de TI. Essas estruturas também são chamadas de “frameworks”.
Os três principais frameworks são:
COBIT
O COBIT é um framework de governança de TI, criado em 1994, pelo ISACA — Information Systems Audit and Control Association —, que promove o desenvolvimento de metodologias e certificações para atividades de auditoria e controle de sistemas de informação.
O nome COBIT significa “Control Objectives for Information and Related Tecnologies”, em inglês. E o objetivo central desse framework é gerar processos eficazes e gerenciamento efetivo das rotinas de tecnologia da informação.
A versão de 2019 do COBIT, a mais atualizada, conta com 3 ações específicas:
- Fatores de desempenho: compreende os detalhes estratégicos da área de TI, para garantir a manutenção da especificidade de cada empresa.
- Área de foco: destaca as singularidades e as necessidades específicas das empresas, especialmente aquelas que precisam de atenção especial nos processos de governança.
- Comunicação: espaço aberto para a comunicação, no qual a comunidade possa propor melhorias.
ITIL®
A ITIL® (Information Technology Infrastructure Library) foi desenvolvida, no final dos anos 80, pelo CCTA. Assim como o COBIT, o ITIL® também é um framework de boas práticas de gestão de serviços de TI.
A estrutura principal da versão mais atualizada do ITIL® é o Sistema de Valor de Serviço (SVS), que possibilita a criação e a co-criação de valor, a partir de oportunidades e demandas da área de negócio da empresa.
A partir disso, o SVS compreende:
- Princípios que orientam a empresa.
- Governança.
- Cadeia de valor de serviço.
- Práticas.
- Melhoria contínua.
No entanto, a ITIL® não é uma metodologia, mas sim um guia de referência para direcionar a gestão dos serviços de TI. Assim, as empresas que quiserem aplicar a ITIL® devem seguir as orientações gerais e desenvolver processos específicos a partir do contexto da própria organização.
Lean IT
O Lean IT é um modelo que alinha os conceitos do pensamento Lean (Lean Thinking) e do sistema Toyota de produção na área de TI. Os principais objetivos do modelo são a redução de desperdícios, a melhoria contínua e o aumento da qualidade e do valor repassado às pessoas clientes.
Como consequência, o objetivo do Lean IT é aumentar a produtividade e otimizar o uso dos recursos disponíveis. Para isso, o Lean possui cinco bases para estruturar as rotinas, que são:
- Especificação do valor.
- Identificação do fluxo de valor.
- Garantia do fluxo contínuo.
- Demanda puxada.
- Busca pela melhoria contínua.
É importante ter em mente que a aplicação dessa metodologia Lean demanda grande mudança na cultura organizacional. Por isso, a implementação do Lean IT é conhecida como Lean Transformation Program.
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Tire suas dúvidas sobre gestão e governança de TI
A governança de TI pode ser um assunto denso e novo para algumas pessoas, por isso, é normal surgirem algumas dúvidas. Se esse é o seu caso, confira a seguir as respostas para algumas perguntas frequentes sobre o tema.
1. Governança de TI: o que faz a pessoa que atua na área?
Como vimos, quem trabalha como analista de governança de TI garante que a tecnologia da empresa esteja alinhada com seus objetivos, além de controlar os riscos e o uso dos recursos.
Assim, de forma resumida, essa pessoa define políticas, gerencia riscos, monitora o desempenho, assegura a conformidade e promove a comunicação entre as áreas da empresa.
2. Governança de TI: salário
Segundo o site Glassdoor, no Brasil, a faixa salarial de uma pessoa especialista em governança de TI varia em torno de R$ 9 mil a R$ 13 mil por mês.
Vale destacar que esse valor pode variar bastante, principalmente em relação a fatores como região do país, nível de senioridade, experiência profissional, porte da empresa e as responsabilidades do cargo.
3. Governança de TI: curso para atuar na área
Investir em um bom curso de governança de TI é essencial para ingressar nesse mercado. Isso porque ele pode proporcionar o conhecimento e as habilidades necessárias para profissionais que querem alcançar esse cargo ou para empresas que desejam desenvolver um talento em potencial.
Além desse tipo de formação, para quem já possui uma graduação na área da tecnologia, fazer uma pós-graduação em governança de TI, participar de eventos, workshops e treinamentos profissionais também são ótimas opções.
Como implementar a governança de TI nas empresas?
Como foi possível perceber, implementar a governança de TI exige planejamento, organização e uma base sólida para garantir que a estrutura seja segura e sustentável. Se sua empresa quer alcançar a governança de TI da melhor maneira, confira este passo a passo:
1° passo: defina os objetivos
Ter objetivos claros é fundamental para guiar todo o processo. Por isso, comece definindo o que você quer alcançar com a governança de TI. Se você faz parte da liderança, comece respondendo as seguintes questões:
- Quais problemas você quer resolver?
- Quais riscos você quer mitigar?
- Quais oportunidades você quer aproveitar?
2° passo: obtenha apoio da liderança
A governança de TI precisa do apoio da liderança da empresa para ser bem-sucedida. Por isso, comunique os benefícios da governança de TI para todas as pessoas líderes da empresa e garanta o compromisso delas com o processo.
3° passo: faça um diagnóstico da situação atual
Avalie a maturidade da governança de TI na sua empresa antes de começar as mudanças. Com isso, identifique os processos, as políticas e as ferramentas que já existem e as áreas que precisam ser melhoradas.
Se for necessário, utilize questionários, entrevistas e análises de documentos para coletar informações de todas as equipes. Isso te mostrará uma análise completa da situação da governança de TI atual do seu negócio.
4° passo: escolha um framework
Existem diversos frameworks de governança de TI, como COBIT e ITIL®, que citamos anteriormente. Escolha o modelo que melhor se adapta às necessidades e à cultura da sua empresa, estude-o e faça testes antes de tomar a decisão final.
5° passo: defina políticas e processos
Com base no framework escolhido, defina políticas e processos claros e concisos para as diferentes áreas de TI, como segurança da informação, gerenciamento de riscos, conformidade e gestão de serviços.
Lembre-se de alinhar os novos processos com as lideranças de cada setor. Isso evitará possíveis erros e mostrará a todos que a mudança chegou para incluir e unir mais os times em prol da produtividade.
6. Implemente ferramentas
Para facilitar a adesão e a eficiência das suas estratégias de governança de TI, busque por ferramentas que auxiliem na gestão e no controle da TI, como softwares de gerenciamento de riscos, sistemas de monitoramento de desempenho e ferramentas de automação com Inteligência Artificial.
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7. Comunique e treine
Comunique as novas políticas e os processos para todas as pessoas colaboradoras da empresa. Se a sua organização não tiver uma pessoa analista de governança de TI que tome a frente desse processo, é interessante analisar a possibilidade de contratar.
Uma ótima forma de encontrar esse tipo de profissional é desenvolver um talento que a empresa já possui e que tenha conhecimentos sólidos em TI e nos processos da empresa. Assim, basta treinar a pessoa e incentivar o aprimoramento das Hard e Soft Skills necessárias para completar o perfil.
Para saber mais sobre como captar e desenvolver talentos de tecnologia, assista à nossa live de “RH Tech” sobre o assunto:
https://www.youtube.com/watch?v=HknPKZs8dyo&t
8. Monitore e avalie
Após implementar as novas práticas de governança de TI, é importante que as lideranças monitorem o desempenho da adoção por meio de indicadores e métricas, além de realizar avaliações periódicas para identificar áreas de melhoria e ajustar as políticas e os processos conforme necessário.
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